"Crônicas históricas do Rio colonial", por Nireu Cavalcanti

segunda-feira, maio 16, 2011 Sidney Puterman

A reduzida intervenção do autor é o maior atrativo da obra. Diligente, Cavalcanti esquadrinhou arquivos daqui e d’além-mar para retratar as relações sociais e econômicas no Rio setecentista. Certidões e processos judiciais foram a lavoura onde capinou flagrantes desconhecidos da história brasileira. Dezenas de episódios curtos – os documentos em que o pesquisador se baseia não permitem vôos mais amplos – revelam a filha que mantém a mãe escrava e os médicos estrangeiros que o poder público “contrabandeava” para a colônia, obrigada a aceitar exclusivamente portugueses, tidos por incompetentes. Por outro lado, constatamos a permanência de procedimentos, como na crônica sobre o furto de armamentos dentro das instalações militares, devidamente acobertado pelos oficiais. Não bastasse o sabor destas pílulas coloniais, a obra ganha relevância por esclarecer sobre as reais dimensões da chegada da corte portuguesa ao Brasil: das 15.000 pessoas até há pouco estimadas, Cavalcanti demonstra que não ultrapassaram o montante de 500! E não só essa lenda é desmontada: o tão referido processo de tomada de casas para os cortesãos, quando as residências eram requisitadas com as iniciais do Príncipe Regente (PR, que o povo adaptou para “Ponha-se na Rua”) é revelado aqui como menos agressivo e arbitrário do que temíamos. Antes assim. 

Editora Civilização Brasileira, 220 pgs

Sidney Puterman

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

0 comentários: